sábado, 7 de maio de 2011

IDEAR




O TREM AZUL DESCARRILHOU



Cada jogo é um jogo diferente e tem sua história. Ao longo de várias competições perdidas e ganhas, nós torcedores celestes adquirirmos maturidade para assimilarmos bem isso. A derrota para o Once-Caldas nos deixou incrédulos. O torcedor vê o jogo pela lente da paixão, que muitas vezes é uma lupa a procura de erros e com tendência a generalizações. As justificativas que procuramos são intrínsecas a esse jogo. Parece-me que as apresentações espetaculares, na primeira fase da Taça Libertadores da América, sugaram toda a energia do time. Ao final das vitórias convincentes, com as redes adversárias cheias, eu sempre pensava que deveriam poupar gols para os próximos jogos. Entretanto, nos acostumamos com os júbilos e à contemplação da “maquina azul de fazer gols”. Justamente, no jogo decisivo, faltou gás, deu um apagão geral. Isso acontece, mas o trágico desta feita foi acontecer no momento crucial. Não vamos procurar culpados, nem execrar o Cuca. Futebol é assim e compreender isso, dispensa lamentações inúteis.

O que nos entristece é essa ausência súbita da harmonia do time, das apresentações espetaculares dos jogos anteriores. Fica a mesma sensação do jogo Brasil e Itália, na Copa de 1982, algo abruptamente rompido de forma brusca e inacreditável. Como se todo o trabalho da temporada fosse perdido. Como se a bola chutada pelo adversário, caísse nas redes do nosso goleiro e ficasse entalada na garganta do torcedor, travando o grito de gol. Dói mesmo é a alegria impedida, é a beleza de passes e dribles interceptados. Dói é a beleza interrompida repentinamente, como uma obra de arte, cujo artista morreu e não pode terminar. Como um quadro privado dos retoques finais, uma partitura que ficou pela metade sobre o piano e um poema sem a última estrofe. O belo atrai a alegria e são eternos aliados.

O alento para a torcida é que o Cruzeiro está vivo no campeonato Mineiro. Esqueçamos o passado e o pretérito do futuro, que poderia ter sido. Vivamos o presente. O trem azul está colocando os vagões nos trilhos, reabastecendo-se de energia e vai enfrentar o Atlético, nos próximos domingos. O destino final será a vitória. Pelo menos essa competição será encerrada, com uma bela alegria. “você pega o trem azul, o sol na cabeça”, como na canção do Lô Borges.

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