INDIGNAÇÃO
Erguem-se os braços indignados!
O pichador traça seus descaminhos
nas paredes alheias.
O catador separa os dejetos
sem reciclar o hoje em amanhã promissor.
Só indignação não move a nação.
As turbas não sabem
de sua força transbordante,
como sabem as águas.
E moldam-se aos calabouços dos mandatários.
Os indignados acéfalos marcham a esmo!
O cidadão cumpre horários, leis
e paga ônus tributários,
depositados em cofres íntimos
nas cuecas de malha.
A ferida de fígado bovino
da perna do mendigo cai,
quando corre atrás do menino
que lhe rouba a esmola.
A nação carece de ação.
As turbas não sabem
de seu poder de mobilização,
como sabem os vendavais.
E os mandatários erguem palácios.
A ciranda indignada dissipa-se de inanição!
O indignadinho acalenta
o único sonho na vitrine da padaria,
já que notebook e Playstation
não sobem o morro de sua casa.
As pedras que fuma
acertam em sua cabeça.
Os mandatários recolhem, fazem de escada
e ascendem ao plano mais alto.
Uma nação se edifica com indignação e ação.
As turbas não sabem
de sua capacidade de mutação,
como sabem as estações.
E os mandatários se perpetuam no poder.
Até esta indignada poesia!
Com os versos quebrados, prosaicos
e a lírica redundante,
ainda persiste no refrão:
Uma nação se edifica com indignação e ação!
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